sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cérebro Ruidoso

Sindromes Silenciosas
John J. Ratey
Catherine Johnson

"A única característica que toda sombra mental tem em comum é o ruído. Quando estamos levemente deprimidos, levemente hiperativos ou levemente qualquer outra coisa, nosso cérebro deixa de funcionar como o centro silencioso e reflexivo de um mundo ordenado. Ficamos ruidosos por dentro. Por esse motivo identificamos a nós mesmo, ou alguém que conhecemos, em mais de uma sombra mental: todas elas resultam num estado de ruído mental. Não importa quais as suas particularidades, todas as sombras mentais têm em comum o ruído."
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"É um ruído figurativo; metaforicamente similar à proporção de sinal para ruído muito baixo de uma estação de rádio cheia de estática. Dentro do cérebro ruidoso, nada é claro. O cérebro ruidoso não pode separar estímulos de pensamentos, nem entrando, nem saindo; tudo acontece simultaneamente."
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"Nem todo mundo que luta com um cérebro ruidoso sentirá o ímpeto do estímulo, claro; há infinitas maneiras de reair ao estresse gerado internamente. Entre elas estão:

A fuga pela raiva: A raiva pode ser uma emoção estranhamente apaziguadora. Como se verá, a raiva é organizadora quando nos descontrolamos numa fúria, ficamos completamente contrados, envolvidos e unificados no sentimento contra o que quer que tenha nos levado a ira."
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A fuga pelo sentido. E por fim, em geral, a fuga do ruído assume a forma de uma fuga pelo sentido. O estado ruidoso produz uma pressão quase insuportável por explicações, por títulos. Queremos saber o PORQUÊ; queremos chamar nosso estado pelo nome certo. Sentimo-nos melhor ao entendermos o que está errado conosco, mesmo que a compreensão nada faça para mudar o problema."
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Aqueles que lutam apenas com disfunções menores na química cerebral, a fuga pelo sentido assume com frequencia a forma muito mais mundana de uma acusação. Sentem o ruído interno, e concluem que a culpa é os pais, ou do parceiro. É um dos aspecto mais destrutivos da luta com a confusão interna: deturpa-se a sua origem. Explica-se o caos básico, biologicamente adquirido, que acompanha qualquer das sombras mentais, não como o resultado natural de sua constituição química e física, mas pela culpa das pessoas e fatos que nos cercam."
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"Muitas pessoas em estado ruidoso lutam para concrentrar-se estreitando drásticamente seu campo de visão. Roer as unhas é uma maneira de concentrar-se: quando o indivíduo se absorve roendo as unhas, seu cérebro sente-se mais calmo e organizado. Ele se concentra num campo de ação bem pequeno. Andar de um lado para outro proporciona a mesma sensação organziadora e tranquilizadora."

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