terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O que cala...

Percebia agora o que a deixava desconfortável nessa história: ela não tinha fala. Não que não tivesse o que dizer, mas porque quando dissera o resultado foi catastrófico.
Não pode revelar em palavras o carinho que sente, a falta que sente, sem uma prévia autorização, que chega só algumas vezes, a partir de determinada hora.
Compreendia! Como sempre, compreendia!
Sabia que por trás do olhar intenso e risonho, das puxadas de ironia e sarcasmo, e um papo mole e divertido, vivia as lavas de um vulcão revolto impossível de ser domado a não ser por ela mesma.
Sabia que o que oferecia era confuso demias pra ser posto em palavras claras. Que quando/se viesse deixar sair o que ela destilava apenas para si, não haveria interpretação válida que não o caos.
O outro lado ameaçava compreenção, e lá também havia um mar resolvo. Mas o outro lado não deixava vazar nem para si mesmo quando sóbrio. Medo? Pavor? Desassossego!!!
E no meio de tantas vozes ela, que se acreditava tão clara e explícita, silenciava. Não dava ao outro tudo aquilo que sabia poder e querer dar. Dava ao mundo e ia crendo que o outro percebia. Tolice!!! O medo que tinha de ver rejeitado seu mundo, só permite que demonstre - grandes demonstrações em comportamentos - mas sempre sem dar aquilo que o outro tanto tem pra receber!

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Tudo Isso...

Sentia-se feliz!
Ainda com certa ansiedade pelo fim inevitável, vinha conseguindo agradecer a si mesma os momentos vividos.
Precisava falar. Precisava dividir os pequenos detalhes dessa histórias.
O que quer que disesse soaria como uma paixão avassaladora, mas ela até acreditava que não fosse. Maravilhamento. Encantamento. Doçura. Candura.
Mesmo sendo efêmero, agora poderia dizer que, ainda que por um suspiro de tempo, viveu uma história da maneira que gostaria.
Sentia o estômago sorrir cada vez que era convidada a vê-lo nas quartas. A cada vibração do celular quando ele estava fora. A cada instante em que desejava nunca ter qualquer tipo de demência que pudesse um pudesse apagar essas lembranças.
"Eu gosto muito de ficar contigo" - dito no escuro barulhento pelos lábios já bêbados.
"Passa as unhas nas minhas costas..." - o pedido de carinho no quarto frio.
"Tu é linda!" - anunciado em meio à lagrimas na noite insólita.
"Posso dizer que tu é muito bonita?" - frase de muito tempo atrás, no primeiro reencontro.
O cheiro do creme de pentear ("teu cheiro") comentado enquanto atravessavam a rua de mãos dadas às duas e muito da manhã.
Não, ela não precisava de qualquer coisa além do que tinha. Ela só precisava ter vivido isso, e só queria muito o que tinha.
Todos os dias repetia para si mesma, feliz: "É isso que eu quero. Isso é tudo que eu quero! Sem tirar nada! Sem acrescentar nada!"
E sorria!