sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Tempo...

Sim, ela sabia que era uma questão de tempo.
Ela esperava por esse tempo. Sabia que ele viria. E, de uma forma que nem ela conseguia explicar, também esperava por esse tempo.
Porque as coisas acontecem em um certo tempo. E um certo tempo depois elas deixam de acontecer.
Talvez ela temesse a forma como as coisas fossem acontecer quando esse tempo chegasse. Talvez ela temesse apenas que esse tempo chegasse mais cedo.
Mas ela sabia... sabia que ia chegar.
Não chegara ainda. Não era o tempo ainda. Ou era?
Tentava se convencer de que não tinha medo do momento. Tentava se convencer que não sentia ele à espreita. Mas a verdade é que sentia. E as palavras de conforto as quais ela se apegava, iam ficando cada vez mais nubladas. Era isso mesmo? O outro lado estaria também confortável? Seria bastante pra ele também? O suficiente pra ele também? Ou era demais? Ou era de menos?
Odiava quando se sentia assim: desconfortável!
A tensão de esperar por uma vibração do celular. A tensão de esperar o barulho no fone de ouvido. A tensão de querer e não querer se aproximar.
Não haviam limites traçados de forma clara. Como outrora ela tentara. Desistira deles pra poder experienciar o modo do outro.
Mas ela sempre funcionou bem com regras, limites, demarcações. Sem demarcações de limites as terras são de todos, e todos serão donos.
O fato é que ela não faria também por um milk shake do bob's. O fato é que ela se dedicava assim apenas a quem ela esperava o mesmo carinho em troca.
Mas seria justo esperar? Alguém prometera alguma coisa?

Ela sabia que era uma questão de tempo...
E ela já conhecia o discurso final...
E ela já tinha certeza plena de como ia se sentir...
E de como ia fingir que não se sentia dessa forma...

Só porque o que ela queria era parar um pouco o tempo e poder ficar feliz com o que ela tinha.
Ela não queria mais do que ela tinha.

Mas o que ela tinha... ela queria muito!!!!


sábado, 17 de novembro de 2012

Chave!

Já estivera naquele lugar outras vezes. Já conhecia aqueles sentimentos. Mas lembrava-se de ter fugido deles de forma caústica. Não podia mais. Era chegada a hora de olhar pra isso, e deixar ficar o tempo que precisasse. E sabia que, se fizesse isso, seria purificador. Corpo e alma. Por muitos anos lera sobre o arrepio na espinha, mas só agora compreendia de fato o que era e ao mesmo tempo que ansiava por isso, desejava não sentir novamente. Conhecia o processo de extinção, sabia que o comportamento variaria em busca até o momento de não querer mais. Sabia que em breve isso seria uma recordação - talvez até carinhosa -, mas sentia falta. Era sempre estranho sentir falta de algo que nunca tivera, a não ser em projeções. Mas sentia. Não gostava de ver partir o que ela mesma queria mandar ir embora. Não lhe agradava a ideia de ver o que ela havia ensaiado sendo atuado por outra pessoa. Não parecia correto. Criava dualidade entre o racional e o emocional. Era melhor assim? Ela teria tido coragem de fechar a porta quando fosse a hora? Já havia chegado a hora antes e ela resolveu prolongar pra aumentar o impacto? Já era tarde... o que lhe restava era passar a chave. E começou a fazer isso com delicadeza. Delicadeza que a faria levar algum tempo até concluir o ato!