domingo, 9 de junho de 2013

Onde?

Onde foi parar aquela pessoa que se emocionava quando via uma desigualdade cruel no mundo?
Onde foi parar aquela que morria por dentro em propagandas com cachorro? Em campanhas publicitárias que envolviam seus mais belos amores?
Perdida nas suas questões pessoais... egoísta, egocentrada, quase individualista. Contando os amigos com medo da solidão, não presente, mas futura.
Ainda se encantava realmente com a lua cheia? Ainda procurava as estrelas no céu do interior? Ainda armava a rede para ouvir música e contemplar a vida? Ou se perdera tanto dentro de si mesma, que já nem reconhecia mais os valores que tinha para si?
Chove agora... chove uma chuva que esperou o dia inteiro. E quando sentiu a primeira rajada de vento lembrou de quem era...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Avisa que é de se entregar por viver...

E eu fico contando os dias e as horas pra te mandar embora. Planejando um discurso final cheio de certezas e verdades plenas.
Aguardando o momento em que você vai dizer que acha que deve sumir porque não quer atrapalhar minha vida, e dessa vez eu sou dizer que talvez seja melhor mesmo.
Porque já faz quase um ano que isso acontece. Quase um ano q eu me apaixono e desapaixono por você.

Quase um ano em que eu surgi na tua vida e ao invés de nossas vidas avançarem depois disso, elas estagnaram. Você em uma antiga paixão que nunca se desfaz, e eu no desejo latente de vencer essa competição, de ter para mim esse seu querer.

Porque você nao tem planos e objetivos concretos na vida, e eu preciso de alguém que tenha pra me dar impulso para seguir os meus.
E porque você é completamente influenciado pelos amigos e não sabe ao menos perceber que eu poderia te fazer bem.

Então eu quero que você me dê motivos pra te mandar embora. Que você aceite a culpa de me ver em silencio. Que minha raiva escondida em todos os "eu entendo" possa enfim se manifestar sem que eu me sinta culpada.

Agora eu estou pensando em como cavar meu sumiço, perguntando a mim se isso não seria uma necessidade de destruir um relacionamento que está sereno, mas não satisfaz ninguém, já que você não tem coragem pra falar o que realmente existe.

Mas eu não me mexo. Mesmo sabendo exatamente que pergunta desencadearia tudo, e sabendo que isso me daria razão pra sair, pra te forçar a pensar no que pode perder.

Porque a merda nisso tudo é que até meu desejo de te mandar embora é apenas pra que você me procure depois e se abra. Mesmo sabendo que, quando você se abrir, muito do que tem dentro eu vou criticar pra mim mesma e desencantar.

Eu já tenho tudo planejado, o presente comprado, o discurso perfeito. Mas tenho medo de não querer destruir isso, de perder o pouco que tenho, de não poder lutar pelo que quero, de me sentir injusta. E um medo maior ainda de você descobrir que eu estive certa e que na verdade apenas as madrugadas de sexta serião mais solitárias.

E também tenho medo de você descobrir que quer mais do que encontros notívagos de sexta e eu não querer o mesmo que você.

E num lampejo de realidade, numa clareza de razão, eu respondo pro meu romantismo maluco que se for pra existir um ponto final, que ao menos ele chegue logo de uma vez. E, se você não quiser mais do que isso, não faria sentido manter por mais um ano essa estupidez.

Porque o que mais vai doer não é a sua falta, apesar disso doer muito. O que mais vai doer é saber que você não quis. Que existe alguma peça da minha ferramenta que não funciona pro seu objetivo. Que no fundo eu sou mesmo uma boneca quebrada!

Pois é... não deu...

Porque queria mesmo era gritar pro mundo inteiro essa música... mas estava guardando pro momento certo, pra não queimar a ficha... Então... deixa no escondido!


Pois É
Los Hermanos

Pois é, não deu
Deixa assim como está, sereno
Pois é, de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
Avisa que é de se entregar o viver

Pois é, até
Onde o destino não previu
Sem mais atrás, vou até onde eu conseguir
Deixa o amanhã e a gente sorrir
Que o coração já quer descansar
Clareia a minha vida, amor, no olhar

terça-feira, 4 de junho de 2013

Além do que se vê

Era uma característica... imaginada que todos tinham... mas fora advertida na época da faculdade que nem todo mundo é assim. No dia riu... hoje ainda ri do comentário.
Tinha muita facilidade de caminhar entre os mais superficiais dos mundos e o mais profundos deles. De um para o outro era uma questão de pessoas.
Era só estar sozinha, era só ter um tempo maior livre e seu mundo se tornava pura percepção... imaginava que deveria ser fácil meditar se um dia tentasse.
Conseguia andar apressadamente pela rua para chegar na casa de uma amiga ou no trabalho e ainda assim sentir claramente o vento no rosto e no cabelo, o barulho do carro e seu lugar no na rua. Às vezes, já nesse período de grandes tecnologias, se imaginava como um ponto no meio do google earth.
Era facilmente atraída pelo barulho de pequenas fontes de água, ou uma risada distante sobre um assunto que não seria capaz de discriminar...
Pássaros e borboletas lhe chamavam sim a atenção, mesmo no meio de uma conversa fervorosa com alguém. Por vezes vazia pequenos comentários mentais para si mesma, enquanto notava que o sujeito do lado (fosse quem fosse) raramente percebia que uma folha tinha caído, que uma abelha voava por ali.
"Olhos de poeta" - ela lera isso em algum blog, onde alguém descrevia que um belo dia despertara pela percepção das coisas em si, quando um dia descobrira, enfim, uma cebola!
Não sabia se no caso dela, era uma cebola. Nem sabia ao certo o que essa característica lhe proporcionava. Talvez fosse essa percepção silenciosa que a fizesse tão curiosa, talvez isso a fizesse chata com suas eternas perguntas por detalhes pra tentar entender o que a outra pessoa percebe, pra encontrar empatia. Talvez isso fosse o sustentáculo da sua profissão. Toda essa percepção podia ajudar na hora de saber onde encostar no outro e se fazer ouvir, ou atrapalhar no fato de que ela se perdia num mundo interior por alguns segundos e tinha que voltar para a realidade do outro como quem precisa desembaçar a vista.
Lembrava dos dias que tinha uma vontade irracional de ir para o terraço de um prédio alto e ficar ali quieta, ou de fugir pro campo e ficar só assistindo a vida acontecer por um tempo antes de voltar pro "mundo real".

Pq às vezes a rotina...

Nem acordara densa... o passar da manhã, as pequenas coisas que deveriam ser resolvidas por outras pessoas e caíram em cima dela, a quantidade de ligação e mensagens recebidas, demandando sua atenção e seu reajuste... adensou...

Pensou na morte da sua mãe que ocorreria em algum momento do futuro, segurou o choro. Não faria sentido chorar quando nem ao menos doente sua mãe estava, não fazia sentido.

Deslizou o pensamento pra vida afetiva... e ficou ali, presa no sentimento de não saber o direito oq fazer. Não sentia necessidade de avançar... mas via a rachadura aumentar sempre que pensava que pensava no fato de que ele soube o que queria com a outra pessoa que fizera mal pra ele, e com ela ele não fazia a menor ideia do que queria, só ia levando. Sabia que isso não era uma coisa necessariamente ruim... mas qqr coisa que a fizesse pensar nessa comparação adolescente a levava imediatamente pra dentro da concha...

Desistiu do almoço, comeu um sushi sem gosto, comprou as barras de cereal sem graça e retornou pra clínica onde poderia estar trancada na sala escura por mais 2 horas sem ninguém incomodar.