sábado, 17 de novembro de 2012

Chave!

Já estivera naquele lugar outras vezes. Já conhecia aqueles sentimentos. Mas lembrava-se de ter fugido deles de forma caústica. Não podia mais. Era chegada a hora de olhar pra isso, e deixar ficar o tempo que precisasse. E sabia que, se fizesse isso, seria purificador. Corpo e alma. Por muitos anos lera sobre o arrepio na espinha, mas só agora compreendia de fato o que era e ao mesmo tempo que ansiava por isso, desejava não sentir novamente. Conhecia o processo de extinção, sabia que o comportamento variaria em busca até o momento de não querer mais. Sabia que em breve isso seria uma recordação - talvez até carinhosa -, mas sentia falta. Era sempre estranho sentir falta de algo que nunca tivera, a não ser em projeções. Mas sentia. Não gostava de ver partir o que ela mesma queria mandar ir embora. Não lhe agradava a ideia de ver o que ela havia ensaiado sendo atuado por outra pessoa. Não parecia correto. Criava dualidade entre o racional e o emocional. Era melhor assim? Ela teria tido coragem de fechar a porta quando fosse a hora? Já havia chegado a hora antes e ela resolveu prolongar pra aumentar o impacto? Já era tarde... o que lhe restava era passar a chave. E começou a fazer isso com delicadeza. Delicadeza que a faria levar algum tempo até concluir o ato!

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