quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Biografia

No meio de uma conversa divertidissíma e infindável com as paredes da minha sala percebi que, aos poucos, estou me tornando um museu contemporâneo das vidas alheias. Ou, deveria dizer, um baú já que daqui não sai nada...
Apesar de todas as semanas eu estar ligada há umas vinte e cinco pessoas mais ou menos, praticamente com nenhuma delas eu consigo realmente compartilhar algo.
Escuto os segredos mais infímos ou mais absurdos de muita gente. Mas os meus absurdos ficam com as paredes da minha sala nos meus horários vagos.
Meu biógrafo contará, com umas duas ou três páginas, a história da minha vida.
Claro que eu tenho ajudado e muito meu biógrafo. Tenho feito coisas biografáveis muitas vezes, a questão é alguém saber. Seja porque é íntimo demais, ou porque o tempo corre, eu acabo contando pras paredes. Elas sim sabem muito de mim.
Não é fazendo drama quanto a isso não. Tenho certeza que alguns amigos meus até ficariam sentidos se eu falasse isso pra eles. Mas o fato é que no mundo de hoje os monólogos são supervalorizados. Onde ninguém tem uma escuta legítima, encontrar alguém que faça isso nem que seja por alguns segundos já é lucro. E, culpa da profissão, muitas vezes a pessoa que abre os ouvidos acaba sendo eu mesma. Culpo a modernidade por isso. Ou ao meu hábito de calar e/ou desprezar meus blá blá blás.
Bom, mas minhas paredes sabem que estou com o autoconhecimento bombando. Apesar de não ter conjugado intenção e gesto até agora, sei que muita coisa precisa ser mudada. E que eu vou precisar de uma dose extra de coragem e maturidade pra colocar essas mudanças em atos.
Resta esperar histerica e silenciosamente que meu biógrafo possa ter uma bola de cristal quando começar a escrita. Assim ele vai saber o quão divertida/confusa/risível/interessante tem disso essa fase da vida. Talvez ele nomeie de "Fase Auto-terapia" ou "Levemente Insana". Mas seria um capítulo digno de muitas risadas.
Só resta esperar! =P

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