quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Livraria, livros e o espelho...

Às vezes quando eu tô triste, eu gosto de passear em livrarias... dessas que tem um café anexo. Como as Sicilianos. Eu fico ali passando entre os livros, arrastando o sapato no chão, com as mãos nos bolsos, ora pegando um livro ora outro.

Quando não tinham roubado meu celular cheio de música eu ficava ali curtindo um som, caminhando, olhando as pessoas, as capas dos livros, os títulos... sentindo a melodia da música.

Agora só o bater do coração, a música da loja, o cheiro do café. Às vezes compro um capuccino, ou uma água com gás e fico languidamente andando... me arrastando entre as prateleiras, sentindo o passo pesado, deixando correr o sentimento pelas estantes de livros, as milhares de histórias que ainda não li, tantos conhecimentos ainda desconhecidos por mim.

Eu fico lá... só existindo.

Uma vez, em Brasília, passei duas horas e meia passeando entre os livros, uma hora percebi os olhares inquietos dos vendedores, que vinham me oferecer alguma ajuda e eu recusava. Saí de lá com 3 livros em uma compra de 153,50 reais.

Adoro o barulho que a sacola da siciliano tem. Barulho de livro novo... eu chego em casa, ligo o som, me jogo na casa, e me entrego à leitura. Lápis na mão, mesmo que não marque nada, só a sensação de estar ali lendo, entregue a um mundo paralelo. Momentaneamente desligada do mundo real. Como se todo o mundo externo ao meu quarto desaparecesse. Eu tenho tempo, o relógio pára pra isso.

A tristeza vai desfazendo aos poucos, sendo consumida pelas palavras lidas, por frases incríveis... conexões com uma parte de mim que ninguém saberá. A solidão preenchida de mim mesma.

Quando eu to dentro de uma livraria, nesses casos, as outras pessoas são parte do contexto, ninguém me vê. Ninguém me conhece e eu não conheço ninguém. Consigo imaginar minha aparência de distância. Me transformo em uma peça da prateleira. Solto grandes sorrisos ao encontrar um livro que seja maravilhoso, ou que seja mais raro.

Deslizo pelo chão, o xiado do meu caminhar é incomodo pra algumas pessoas, mas nem sempre consigo evitar. É um mundo encantado.

Depois, fecho o livro, saio da livraria, e sigo com a vida, vou tomar um banho, é tudo sensação, tudo são respondentes em mim. O frescor da água escorrendo pelo corpo, o cabelo molhado se confundindo no meu rosto e nas minhas costas, o rosto debaixo o chuveiro... ali ninguém sabe se são lágrimas ou apenas gotas d’água... a tristeza se desfaz enquanto passo o sabonete pelo corpo, enquanto retiro a água do cabelo. Cheiro de limpo... a tristeza que era existencial e sem nome se recolhe e surge novamente o sorriso e a leveza no rosto! A respiração se faz lenta e abdominal. No espelho o reflexo de uma pessoa que sente!!!!

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