segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pronta pra voltar

Nem na superfície nem viceral.

Na vibe da introspecção - e tô cansando da palavra vibe, vai pro beleléu jájá - os processos de rompimento andam agitados.

Curtido o calor infernal que ronda, tendo que começar a pensar em um médio-longo prazo. O curto prazo não tem tanta pressa de acontecer, vai passando como uma ventilação, como uma necessidade.

Nenhum sinal de paz, porque tô achando que isso não me pertence, mas em nenhum momento se instala a turbulência. Só o passar dos dias entrelaçando como costura no meu corpo.

Sem grandes demandas...

O céu ontem estava estrelado, com as nuvens baixas e um clima ameno. Foi quase pleno. Fim de semana que vem, volto a olhar todas as estrelas do mundo em um céu de interior. Mas um pouco e eu sinto saudade, mais um pouco e eu me lembro sensorialmente de estar lá, sentada nos batentes da igreja, ouvindo a conversa da turma e vendo a lua cair por trás da casa da minha avó.

Um pouco mais e eu lembro do cheiro do sabonete Senador que minha avó costumava deixar guardado nas gavetas de lençois para perfumar - nunca gostei do cheiro, mas a idéia é linda.

Só mais uns dias e eu vou dormir de novo naquela cama de casal, acordar com as galinhas do vizinho, no fim da tarde descer pro quintal da casa da minha avó e catar outra flor branca que eu, quando criança, achava que tinha cheiro, e toda vez agora me frustro com a inexistencia do mesmo.

Pode ser que eu saia de lá com as mesmas frustrações das últimas vezes, a sensação de ter deixado minha infância pra trás, perdida nas bolinhas de sabão feitas com canudinhos de mamoeiros. Mas pode ser que eu sinta de novo o cheiro do fumo de rolo que a lavadeira mascava, e pode ser que ocorra uma aproximação sensorial e pequenas alucinações auditivas que me permitam o resgate.

Pode ser...

Demorou, mas agora acho que estou pronta pra voltar ali.

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